Maquiavel nos ensina: 'É preciso ser raposa para reconhecer as armadilhas, e leão para afugentar os lobos'.

Paraenses, é chegada a hora de sermos raposas e leões para reconhecermos as armadilhas e afugentarmos os lobos.

sábado, 13 de agosto de 2011


Marabá, virtual capital de Carajás, é a quarta cidade na taxa de assassinatos; Tapajós seria o segundo estado mais pobre - só perdendo para Roraima.

 

 

A divisão do Pará em três será objeto de inédito plebiscito organizado pela Justiça Eleitoral. Mas a quem interessa? No balanço entre vencedores e perdedores, todos ficam com menos e quem paga a conta é o governo federal - ou seja, o contribuinte. Se forem criados, Carajás e Tapajós vão custar aos cofres públicos pelo menos 9 bilhões de reais só para manter a administração dos estados. 
Marabá, a virtual capital de Carajás, está no topo da lista dos homicídios. Pelos dados mais recentes do Ministério da Justiça, é, proporcionalmente, a quarta cidade mais violenta do país. Foram 250 assassinatos em 2008 - 125 mortes para cada 100.000 habitantes. Tapajós, ainda que mais tranquilo, seria o segundo estado mais pobre do Brasil, com um Produto Interno Bruto (PIB) de 6,4 bilhões de reais - atrás apenas de Roraima. 
Os separatistas dizem que os brasileiros que vivem ao sul não compreendem a realidade da região e que ali estão duas terras prometidas. Para comprovar a tese, usam como argumento a criação de Tocantins. Esquecem que se trata do quarto estado mais pobre do país.

Um estado para recortar

Veja como pode ficar o Pará se o estado for dividido em três
Área:
1.247.950 km²

Municípios:
143 municípios

População:
7.581.051 habitantes (2010)

Densidade demográfica:
6,07 hab/ km²

PIB:
58,52 bilhões de reais (2008)

PIB per capita:
7.719 reais

IDH:
0,755 (2005), nível médio
(16º no Brasil)

Senadores: 3

Deputados federais: 17

Deputados estaduais: 41 



Área:
224.631 km²

Municípios:
78 municípios

População:
4.555.000 habitantes (estimados)

Densidade demográfica:
20,27 hab/ km²

PIB:
32,5 bilhões de reais

PIB per capita:
7.135 reais

Senadores: 3

Deputados federais: 8
(número mínimo)

Deputados estaduais: 24 (número mínimo)


 Área:
736.732 km2

Municípios:
27 municípios

População:
1.300.000 habitantes (estimados)

Densidade demográfica:
1,7 hab/ km2

PIB:
6,4 bilhões de reais

PIB per capita:
5.481 reais

Senadores: 3

Deputados federais: 8
(número mínimo)

Deputados estaduais: 24 (número mínimo) 



 Área:
296.620 km²

Municípios:
39 municípios

População:
1.650.000 habitantes (estimados)

Densidade demográfica:
5,5 hab/ km²

PIB:
19,6 bilhões de reais

PIB per capita:
12.508,62 reais

Senadores: 3

Deputados federais: 8
(número mínimo)

Deputados estaduais: 24 (número mínimo) 
Fonte: IBGE, PNUD, IPEA, UFPA, TSE

Encargos  Marcado para dezembro, este será o primeiro plebiscito para definir uma separação estadual.  As regras podem ainda não estar claras, mas é certo que novos cargos e encargos vão surgir. E junto, toda uma revigorada classe política, que inclui mais seis vagas para o Senado, dezesseis para a Câmara e 48 para as assembleias estaduais. 
Não está decidido se a consulta, prevista para dezembro, irá abranger todo o estado ou só as áreas em questão. As regras serão definidas até julho. No passado, a criação de estados era decisão estrita do poder central e sujeita aos ventos políticos. Foi assim em 1989, quando Tocantins foi desmembrado de Goiás. Então presidente, José Sarney aproveitou a promulgação da Constituição de 1988, que transformava os territórios federais em estados, para encaixar o mais novo estado da federação. Já o desmembramento do Mato Grosso do Sul do Mato Grosso, em 1979, foi um ato da ditadura militar. 
Os favoráveis à tripartição, como o deputado Queiroz, querem que a escolha seja local. Não é o que pensa a professora de direito constitucional e eleitoral da Universidade de São Paulo (USP), Mônica Herrman Taggiano. “É bobagem segmentar a discussão. O estado inteiro deve participar, porém, por tradição, estas decisões são casuísticas e políticas”, disse. 
Conflitos agrários – Os dois novos estados se sustentariam com a exportação de minérios e grãos e, claro, de gordos repasses federais. Se há riqueza no subsolo e possibilidades de exploração econômica da floresta, sobram conflitos agrários e desmatamentos ilegais. Com uma economia que o coloca em 16º no ranking do Produto Interno Bruto (PIB) dos estados, é no Pará que o convívio entre desiguais é resolvido na bala. No último mês, cinco ambientalistas foram assassinados em emboscadas.
Em Carajás, a campanha pela separação já está nas ruas. Um dos líderes do movimento, o deputado e pecuarista Giovanni Queiroz (PDT), desconversa sobre ser candidato antecipado a primeiro governador. Porém, a todo instante cita José Wilson Siqueira Campos, atual governador e articulador da criação do estado de Tocantins: “Quem sabe um dia eu seja como ele”. 
A presença das jazidas da Vale é uma poderosa justificativa para o desejo de autonomia carajaense. Os recursos dos impostos não seriam diluídos com outras áreas mais populosas próximas de Belém, onde vive mais da metade da população do estado. Porém, trata-se de um modelo concentrador por natureza, já que a mineração exige capital intensivo. Ou seja, lucra muito, mas exige pesados investimentos. 
O PIB per capita de 12.500 reais de Carajás não se reflete na população. Em Marabá, 42% dos moradores vivem abaixo da linha de pobreza e o estado teria uma economia equiparável com Alagoas e Sergipe, respectivamente em 20º e 21º lugar no Brasil. 
Em ambas as regiões, mesmo com a criação de novos empregos, a falta de mão- de- obra especializada obrigaria o deslocamento de 300 000 pessoas, para atuar no nascente funcionalismo público, estima o professor da Universidade Federal do Pará (UF-PA), Roberto Corrêa. 
Carajás seria pobre, mas não deficitário. Já Tapajós, estado que muito bem poderia se chamar Belo Monte, em homenagem à hidrelétrica, a dependência do dinheiro federal seria uma questão de sobrevivência. O custeio da máquina pública ali sugaria mais da metade da economia. 
Isolada geograficamente, a principal cidade é Santarém, a 800 quilômetros de Belém. Ali, a aposta econômica é na exportação de grãos pelo porto de grande calado da Cargil, que escoa a produção do Centro-Oeste. Aberta pelo militares, a pavimentação da estrada só deve terminar em 2013. “Sempre fomos isolados. Agora temos meios de viver por nós”, diz o deputado Lira Maia (DEM), que lidera o movimento pela independência.
Quem está em uma situação delicada é o governador Simão Jatene (PSDB). Ele optou pelo papel de mediador pensando no futuro. Se o plebiscito englobar o Pará inteiro e a tripartição sair derrotada, Jatene perderia capital político nas regiões separatistas caso se declare contra. 
Se a separação vencer, teria mais dois estados para disputar eleições e passaria para seu sucessor um Pará menor, mais fácil de administrar e abastecido pelo retorno de impostos de exportações. Não há garantia de nada. Uma redução no valor das commodities de exportação, em especial ferro e bauxita, jogaria tudo por terra. Ainda restariam as motosserras.

Artigo retirado do site:
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/divisao-do-para-vai-criar-um-estado-violento-e-outro-pobre


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